Cinema
Kleber Mendonça Filho ganha prêmio de melhor diretor em Cannes

Kleber Mendonça Filho é Premiado como Melhor Diretor no Festival de Cannes 2025
Neste domingo, 24 de setembro de 2025, o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho foi agraciado com o prêmio de Melhor Diretor no prestigiado Festival de Cannes, consolidando sua posição como uma das vozes mais relevantes do cinema contemporâneo. Essa é uma conquista histórica, uma vez que apenas um outro diretor brasileiro, Glauber Rocha, recebeu a mesma honraria em 1969 por seu filme O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro.
O Reconhecimento Internacional de Kleber Mendonça Filho
Kleber Mendonça Filho, natural de Recife, Pernambuco, possui um currículo rico que desafia as convenções do cinema mainstream. O diretor de 56 anos também é conhecido por obras como O Som Ao Redor (2013), Aquarius (2016), Bacurau (2019) e Retratos Fantasmas (2023). Suas produções frequentemente exploram questões sociais, políticas e culturais do Brasil, refletindo a realidade de sua terra natal.
O Cenário Social nos Filmes de Mendonça Filho
A obra de Mendonça Filho é caracterizada por um foco intenso em conflitos sociais e na crítica da situação política brasileira. Ele traz à tela uma perspectiva única, ancorada em sua vivência em Recife, uma cidade repleta de complexidades sociais. Isso se torna evidente em seus filmes, que se aprofundam nas nuances da vida cotidiana, capturando a essência da cultura nordestina e do Brasil de forma mais ampla.
Principais Obras de Kleber Mendonça Filho
O Som Ao Redor (2012)
O primeiro longa-metragem de ficção de Mendonça Filho, O Som Ao Redor, recebeu aclamação da crítica e conquistou o prêmio da crítica no Festival de Cinema Internacional de Roterdã. O filme, que retrata a vida de uma comunidade em Recife com a chegada de uma empresa de segurança particular, discute temas como medo e vigilância, utilizando uma narrativa envolvente que reflete o estado emocional dos personagens.
“O Som Ao Redor é provavelmente um filme sobre um certo estado de espírito,” afirmou o diretor em uma entrevista, ressaltando o papel da experiência pessoal em sua obra.
Aquarius (2016)
Em 2016, Mendonça Filho levou Aquarius a Cannes, onde seu filmado protesto contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff atraiu atenção internacional. O filme apresenta Sonia Braga como a protagonista, uma mulher que luta para permanecer em seu apartamento diante da pressão de uma imobiliária. O longa foi aclamado, projetando a imagem do diretor em diversos festivais ao redor do mundo.
“O filme está em 77 países, e foi uma experiência muito feliz,” comentou o cineasta em referência ao impacto global de sua obra.
Bacurau (2019)
Bacurau, lançado em 2019, é uma fábula de resistência que segue os moradores de uma pequena cidade nordestina ameaçada por forasteiros. O filme, que ganhou o Prêmio do Júri em Cannes, destaca a luta dos personagens por dignidade e pertencimento. Ele se tornou um símbolo de resistência cultural em meio a crescente tensão política no Brasil.
“É uma vitória que nos traz respeito internacional,” afirmou Mendonça Filho ao refletir sobre o reconhecimento que Bacurau recebeu.
Retratos Fantasmas (2023)
Em Retratos Fantasmas, lançado em 2023, o diretor explorou a decadência dos cinemas de Recife. Embora não tenha sido premiado em Cannes, o filme foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de 2024, apesar de não avançar para as indicações finais.
O Agente Secreto (2025)
O filme mais recente de Mendonça Filho, O Agente Secreto, volta a Cannes com grandes expectativas e foi premiado, incluindo o prêmio de Melhor Ator para Wagner Moura, que destaca a complexidade de viver sob a ditadura militar no Brasil em 1977. O longa não só conseguiu atrair a atenção do público, mas também foi reconhecido com mais duas premiações na mostra.
“Um ambiente que não necessariamente é propício para tranquilidade,” é como o diretor descreve o tom de seu mais recente trabalho, revelando o clima tenso da época retratada.
Implicações para a Indústria Cinematográfica Brasileira
A conquista de Kleber Mendonça Filho em Cannes destaca não apenas seu talento pessoal, mas também reafirma a importância do cinema brasileiro no cenário internacional. A obra de Mendonça Filho ressoa especialmente em um contexto onde questões sociais e políticas são cada vez mais relevantes, permitindo que novos diretores e cineastas brasileiros sejam ouvidos e reconhecidos globalmente.
Conclusão
O reconhecimento de Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes de 2025 é um marco importante para o cinema brasileiro. Suas obras, carregadas de crítica social e engajamento político, oferecem uma reflexão profunda sobre a realidade brasileira, provando que a arte pode e deve ser um meio de análise e protesto. À medida que novos talentos emergem em cena, o legado de Mendonça Filho poderá inspirar futuras gerações a contar suas histórias, reforçando a vitalidade e a diversidade da narrativa cinematográfica no Brasil.

bárbara paz
Documentário retrata tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul

Uma sequência de imagens em preto e branco revela a extensão da catástrofe enfrentada no Rio Grande do Sul em 2024. Pessoas em cima de telhados clamando por socorro, casas e ruas submersas, e animais lutando pela sobrevivência formam um retrato devastador que ficou marcado na memória coletiva do estado. Neste contexto, o documentário Rua do Pescador nº 6, dirigido por Bárbara Paz, traz à tona as histórias das famílias afetadas pelas enchentes e a luta pela reconstrução.
Efeitos das enchentes em 2024
Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a pior enchente de sua história, afetando 478 das 497 cidades gaúchas. Essa tragédia impactou diretamente cerca de 2,4 milhões de habitantes, resultando na morte de 184 pessoas, 806 feridos e 25 desaparecidas. Além disso, quase 200 mil indivíduos ficaram desalojados ou desabrigados, evidenciando a gravidade da situação.
A diretora Bárbara Paz retornou ao seu estado natal, movida pela urgência de dar visibilidade a essa tragédia. Durante a exibição do filme no Cinesur, festival de cinema realizado em Bonito, Mato Grosso do Sul, ela expressou seu sentimento de choque diante da calamidade.
Uma necessidade de registro
“A gente estava muito em choque com tudo que estava acontecendo, e queria fazer algo”, relatou Paz aos jornalistas. “Eu precisava registrar aquilo. Era um documento histórico, um filme urgente”, acrescentou, ressaltando a necessidade de garantir que uma tragédia como essa não se repita. A reflexão da diretora é pertinente: “Só em 2024, foram 150 desastres climáticos no mundo”, enfatizou.
Passado que ecoa no presente
O trabalho de Bárbara Paz não se limita a retratar a atualidade; ele faz um paralelo com o passado. O documentário Rua do Pescador nº 6 justapõe imagens do presente com cenas das enchentes ocorridas em 1941 no mesmo estado. Essa comparação visa ilustrar a repetição de tragédias sem que soluções efetivas sejam encontradas.
“Quando vi o material de arquivo das enchentes de 1941, tudo era igual. Havia animais em cima dos telhados e pessoas em abrigo; as únicas diferenças estavam nas vestimentas e nos telhados das casas”, descreve a diretora. Essa justaposição destaca a urgência de ações decisivas contra a crise climática.
Um apelo à mudança
“Cada vez mais as águas estão subindo, as florestas estão sendo queimadas, e a destruição está acontecendo. Isso é quase um prólogo do que pode vir a acontecer”, alertou Paz. O desejo de deixar um registro impactante é claro: “Eu tive que deixar um registro, potente, para daqui a 50 anos, porque a gente não sabe o que vai acontecer com esse planeta.”
A abordagem do documentário
Rua do Pescador nº 6 adota uma abordagem sensível, começando com imagens aéreas da devastação para, em seguida, adentrar nas casas destruídas. A narrativa não utiliza narrações; ao contrário, as vozes das pessoas afetadas ecoam, revelando as marcas da perda e as memórias que se tornaram ausências.
“Eu queria fazer um filme de dentro para fora. O silêncio é fundamental para retratar os indivíduos. Não quero que eles falem de si, mas quero mostrar suas realidades”, explica a diretora.
Esperança em debates maiores
A diretora também almeja que seu trabalho chegue a um público mais amplo, especialmente aqueles que podem promover mudanças significativas. Um dos seus desejos é que o documentário seja exibido na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, agendada para este ano em Belém, Pará.
“Espero que meu filme esteja na COP, porque ele é um documento necessário. Ele precisa ser visto para que história não se repita”, enfatizou.
O festival e suas implicações
O Cinesur ocorre na cidade de Bonito e se estende até o dia 2 de agosto. Neste ano, o festival apresenta 63 filmes de nove países sul-americanos e promove debates, seminários e cursos de formação voltados para a conscientização sobre temas relevantes.
O papel do Cinesur na conscientização
O festival assume um papel importante na promoção de discussões sobre questões sociais e ambientais. A exibição de obras como Rua do Pescador nº 6 contribui para chamar a atenção sobre a urgência da crise climática, fazendo com que o público reflita sobre suas implicações.
Conclusão
Rua do Pescador nº 6 é mais do que um mero documentário; é um chamado à ação e uma reflexão sobre a repetição de tragédias climáticas. Através da voz de Bárbara Paz, somos convidados a confrontar a realidade dos desastres e a necessidade de soluções urgentes. O filme não apenas documenta eventos, mas serve como um alerta sobre o futuro do planeta, convidando todos nós a refletir sobre o que podemos fazer para evitar que a história se repita.
A mensagem é clara: é vital promover um diálogo constante sobre mudanças climáticas e ações que podem ser tomadas para mitigar seus efeitos. Ao assistirmos e discutirmos trabalhos como este, afirmamos nosso compromisso com um futuro mais sustentável e resiliente.
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